Como é o chip cerebral implantado pela empresa de Elon Musk em uma pessoa


Primeira experiência do tipo pela Neuralink começou a ser realizada no último domingo (28). Segundo a empresa, o implante Telepatia vai processar ondas cerebrais para pacientes sem mobilidade controlarem celulares, computadores, etc, com o pensamento. Chip (ou Interface Cérebro Computador) da Neuralink.
Divulgação/Neuralink
A empresa Neuralink, do bilionário Elon Musk, realizou no domingo (28) o seu primeiro implante de chip em um cérebro humano. O objetivo é fazer com que, no futuro, pessoas com limitações motoras possam controlar dispositivos eletrônicos, como computadores e celulares, apenas com o pensamento.
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🧠Mas como isso é possível? Segundo a empresa, o chip, chamado de Telepathy (“Telepatia”), processa ondas cerebrais que são decodificadas por um aplicativo da Neuralink que, por sua vez, conseguiria comandar aparelhos eletrônicos de acordo com os desejos dos pacientes.
A Neuralink não divulgou em qual parte do cérebro do paciente o Telepathy foi implantado. Especialistas consultados pelo g1 sugerem que ele pode ter sido inserido no cerebelo, que é a parte responsável pela coordenação motora (saiba mais abaixo).
Veja como funciona o chip cerebral da Neuralink
Luisa Rivas/Arte g1
➡️Quando foi feito o implante? No domingo (28), mas o anúncio aconteceu na noite de segunda-feira (29). O próprio Elon Musk fez a divulgação, em sua rede social X (antigo Twitter).
➡️Qual o objetivo? O primeiro estudo clínico com pacientes humanos deve durar seis anos. Inicialmente, a Neuralink quer avaliar a segurança do implante e do robô que fez o procedimento cirúrgico. Em alguma etapa futura, a ideia é que o implante seja usado, então, para controlar dispositivos como computadores e celulares.
Musk já disse que esses dispositivos também poderiam ajudar no tratamento de doenças, como a obesidade, e de transtornos mentais.
O bilionário também tem a ambição de, mais à frente, usar o chip para alcançar a telepatia. Ele diz que isso ajudaria a humanidade a prevalecer em uma suposta guerra contra a inteligência artificial, mas especialistas adiantam que a prática não é viável.
“Você poderá salvar e reprisar memórias…O futuro vai ser estranho”, disse Musk, em 2020.
➡️Quem é o paciente? Essa informação também não foi divulgada, mas, de acordo com Musk, a pessoa está se recuperando bem. Resultados iniciais mostram uma detecção promissora de atividade dos neurônios, postou o bilionário, sem dar mais detalhes.
➡️Quem mais vai testar o chip? Quando a empresa abriu inscrições para voluntários, o recrutamento era voltado para pessoas com tetraplegia decorrente de lesão da medula espinhal cervical ou esclerose lateral amiotrófica (ELA).
“Os primeiros usuários serão aqueles que perderam o uso dos membros. Imagine se Stephen Hawking pudesse se comunicar mais rápido do que um digitador rápido ou um leiloeiro”, disse Musk, no X.
➡️Implante cerebral é autorizado? Sim. Os estudos com implantes cerebrais em humanos pela Neuralink foram liberados pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla inglês) em maio de 2023. Quatro meses depois, a empresa abriu inscrições para voluntários.
➡️É algo inédito? Não, outras empresas já implantaram chips semelhantes, com o objetivo de ajudar pacientes com síndromes graves a se comunicar através das ondas cerebrais.
O nicho em que a Neuralink compete é chamado de BCI, sigla para “Brain computer interface” (interface em cérebro e computador).
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A Neuralink já tinha implementado um tipo semelhante de seu chip em animais. Um macaco conseguiu jogar games com o cérebro. Clique aqui para assistir o vídeo.
Onde o chip pode ter sido implantado?
Apesar de a Neuralink não ter divulgado essa informação, é possível deduzir que o Telepathy tenha sido inserido no cerebelo, justamente por ser uma região do cérebro responsável pela coordenação motora.
É o que afirma Fernanda Matias, professora de biotecnologia da Universidade de São Paulo (USP), que não teve contato com o estudo da Neuralink. Ela reitera que é uma suposição, levando em consideração aspectos técnicos.
Mas como ocorre a comunicação?
Luli Radfahrer, professor e diretor do laboratório de pesquisa acadêmica Interfaces Digitais, Experiências e Inteligências Artificiais (IDEIA), explica que o cérebro é um órgão que trabalha com impulsos elétricos.
Numa pessoa que tem mobilidade, o cérebro recebe, constantemente, informações sensoriais sobre a posição e o estado dos músculos, articulações e outros aspectos do corpo.
Para fazer algum movimento físico, o cérebro envia impulsos elétricos para os membros. Eles os recebem e os transformam em informações sensoriais, executando algum movimento. Segundo Radfahrer, a troca de impulsos elétricos e informações sensoriais é constante.
Mesmo em pessoas que perdem algum movimento físico (e cujos membros pararam de mandar informações para o cérebro), os impulsos elétricos podem continuar, em alguns casos.
Já o chip, implementado numa pessoa com alguma paralisia física, “lê” as ondas cerebrais.
Isso aconteceria por meio de eletrodos que penetram o cérebro ou se posicionam na superfície dele, para promover a comunicação direta com computadores (a tal BCI, interface cérebro-computador).
No caso do implante da Neuralink, mais de mil eletrodos estão nos fios que fazem parte do implante. De tão finos, eles não podem ser colocados no cérebro mãos humanas: esta parte da cirurgia fica a cargo de um robô, que usa uma agulha com espessura inferior a de um fio de cabelo.
Na prática, a ideia é que o implante transforme pensamentos em comandos para o celular, o computador, etc, por meio desse aplicativo/interface.
Especialistas apontam que implementar aparelhos eletrônicos para ajudar humanos não é algo novo. Um grupo pequeno de empresas já conseguiu fazer isso com sucesso.
O que é a Neuralink?
A Neuralink é uma empresa de dispositivos para uso na medicina fundada em 2016, nos Estados Unidos, por Elon Musk e um grupo de cientistas e engenheiros.
A companhia tentou autorização para testar seu chip em humanos em 2022, mas o pedido foi rejeitado por questões de segurança.
Segundo reportagem da agência Reuters, fontes internas disseram que a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla inglês) citou preocupação com o fato de que a bateria do implante é de lítio, além do risco de que os fios dos implante, finíssimos, pudessem migrar para outras partes do cérebro, e questionou como e se o dispositivo poderia ser retirado sem causar danos ao tecido cerebral.
Em maio de 2023, o FDA decidiu liberar os testes da Neuralink em pessoas.
Antes, porém, o dispositivo foi testado em animais. Em 2019, Musk afirmou que a Neuralink conseguiu usar o chip para conectar o cérebro de um porco a um computador e acompanhar a atividade cerebral do animal durante dois meses.
Em um experimento de 2021, a empresa divulgou um vídeo em que um macaco joga videogame usando a mente. O animal recebeu o implante seis semanas antes da gravação, onde apareceu controlando o jogo “Pongo” mesmo com o controle desligado.
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Fonte: G1_Tecnologia

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