Anfitriões do Airbnb usam grupos no Facebook para expor desafios com plataforma e histórias de hóspedes desrespeitosos


Locadores estão enfrentando uma onda de descontentamento envolvendo o aluguel de curto prazo. Anfitriões compartilham nas redes sociais seus desafios e suas histórias de terror envolvendo hóspedes desrespeitosos
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Hóspedes descontentes do Airbnb estão usando o Twitter e o TikTok para desabafar sobre todo tipo de questão, das taxas de limpeza até anúncios enganosos. Mas eles não são os únicos que têm reclamações a fazer: os próprios anfitriões do Airbnb estão cada dia mais desiludidos com a plataforma e seus hóspedes desrespeitosos.
Em fóruns e grupos de Facebook, anfitriões compartilham seus desafios e suas histórias de terror. Um deles alegou que um grupo de hóspedes não estava disposto a deixar o imóvel mesmo recebendo um reembolso total da Airbnb.
“Fui ao apartamento ver o que estava acontecendo, e fiquei em choque ao descobrir que os inquilinos ainda estavam no apartamento”, escreveu o anfitrião no site AirbnbHell. “Eles imediatamente chamaram a polícia e fui expulso do meu próprio apartamento por uma equipe policial – um completo choque.”
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Embora essas histórias possam parecer um subproduto natural da indústria praticamente não regulada do aluguel de curto prazo, elas revelam tendências mais amplas que impactam os anfitriões.
Um relatório feito em 2021 pela Bloomberg revelou como a equipe secreta de gestão de crise do Airbnb gasta milhões de dólares para limitar a divulgação de crimes e outros incidentes em suas propriedades, que poderiam manchar a reputação da empresa. E a empresa recentemente lançou uma “tecnologia antifesta”, com o objetivo de custear as dores de cabeça dos anfitriões com reuniões grandes e destrutivas.
Tudo isso leva à pergunta: o problema é o próprio Airbnb, ou são os hóspedes?
Spray de serpentina e mau cheiro
Em maio deste ano, o Airbnb lançou um novo plano de proteção para hóspedes e anfitriões, chamado “AirCover”. Ele promete reembolsar rapidamente os anfitriões e oferecer até US$ 1 milhão (R$ 5,2 milhões) em proteção contra danos. Embora muitos anfitriões considerem essa política generosa, ela ainda tem muito espaço para dúvidas.
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Emily Muskin Rathner, uma profissional de marketing digital que mora em Cleveland, Estados Unidos, começou a alugar sua casa no Airbnb em agosto de 2021. Ela diz que hospedar tem sido em geral um negócio agradável e lucrativo, mas alguns hóspedes causaram grandes problemas, inclusive uma família que alugou a casa em junho deste ano.
“Eles deixaram a casa uma bagunça”, diz. “Havia fezes humanas na lavanderia. Espalharam spray de serpentina por toda parte. Eu não me importo com spray de serpentina, mas você poderia recolher depois? Curiosamente, ele deixou manchas.”
Muskin Rathner foi reembolsada pelo Airbnb pela maior parte de suas queixas. Alguns danos, porém, como o esmalte de unhas no azulejo do banheiro, não foram aceitos para reembolso porque ela não conseguiu comprovar o custo do azulejo. E ainda havia o cheiro.
“O cheiro era muito, muito ruim. O ar-condicionado ficou desligado por uma semana – em junho (período do verão no Hemisfério Norte).”
Burocracia de todo tipo
No início, o aluguel de temporada de curto prazo oferecia aos anfitriões uma proposta simples: alugue sua casa e ganhe dinheiro extra. Porém, à medida que amadurece, o setor vem sofrendo tentativas de regulação dos governos locais.
Cidades americanas como Denver e Portland, no estado de Oregon, estão reprimindo a locação de curto prazo sem autorização, cobrando multas dos anfitriões e exigindo dispendiosas licenças. Essas políticas permitem que os governos locais recolham tributos e fiscalizem comportamentos problemáticos, mas criam mais uma camada de complexidade para os anfitriões, que frequentemente têm pouca experiência em hotelaria.
Além disso, muitos governos locais atribuem o ônus do recolhimento tributário aos anfitriões, não ao Airbnb. Uma análise feita em 2022 pela Liga Nacional das Cidades, uma organização de defesa de direitos composta por governantes de municípios, cidades e vilarejos nos EUA, estimou que cerca de 82% das municipalidades exigem que os anfitriões recolham os próprios tributos, e apenas 5% exigem que a plataforma o faça em nome dos anfitriões.
Os anfitriões agora precisam não só atuar como agentes de atendimento ao cliente em tempo integral e especialistas em hotelaria, mas também conhecer a regulação local e dominar a complexa legislação tributária.
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Competição com empresas de administração
A romântica ideia de compartilhar uma casa como forma de ajudar os proprietários a pagar seu financiamento foi deixada de lado em prol das empresas de administração, que entraram no processo com o objetivo de obter o máximo de lucro. Os anfitriões de pequeno porte não conseguem concorrer com esses adversários corporativos.
Um estudo sobre locação de curto prazo feito no Reino Unido revelou que o número de anúncios administrados por proprietários de apenas um imóvel caiu de 69% em 2015 para 39% em 2019. Dados da organização sem fins lucrativos Inside Airbnb (Dentro do Airbnb) sugerem que apenas 39,1% das propriedades em Los Angeles são administradas por proprietários de apenas um imóvel.
Esses mega-anfitriões conseguem operar em escala, aumentando a eficiência de tudo, dos reajustes de preço à equipe de limpeza. Os anfitriões com apenas um imóvel não conseguem acompanhar, ou não estão dispostos a lidar com as inconveniências, e estão sendo expulsos desse ecossistema.
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Fonte: G1_Tecnologia

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